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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Morre o cantor Reginaldo Rossi, aos 69 anos

 O Rei do Brega estava internado desde o dia 27 de novembro, em Recife

Morreu, por volta das 9h desta sexta-feira, o cantor Reginaldo Rossi. Responsável por sucessos como "Garçom", Rossi, de 69 anos, foi vítima de falência múltipla dos órgãos. No dia 27 de novembro, ele foi internado no Hospital Memorial São José, no Recife, com dores no peito, mas logo os médicos descartaram a hipótese de infarto. Na quarta-feira, 4 de dezembro, foi submetido a uma cirurgia para retirada de um nódulo da axila direita e os exames confirmaram o diagnóstico de câncer. Dias depois, no domingo, dia 8, ele voltou a ser internado na UTI e na última quinta-feira teve piora em seu estado clínico.

O governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) e o prefeito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), decretaram luto oficial de três dias. O corpo do cantor será levado no final da tarde para o plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde será velado até o sábado. O sepultamento será no mesmo dia, no cemitério Morada da Paz, em Paulista, na região metropolitana de Recife.

Centenas de fãs encontram-se em frente ao hospital onde o artista morreu. Levam cartazes, faixas e até cantam em coro suas músicas. O governador Eduardo Campos falou sobre a importância do músico:

— É uma pessoa que conheço desde criança, ele sempre me tratou com muito carinho, tinha um coração extraordinário. Ele conseguiu vencer preconceitos. Lembro de pelo menos cinco grandes sucessos, que explodiram em todo o país. Acredito que ele não saberia viver longe dos palcos, sem cantar, com a doença lhe impondo limites. A imagem que quero ficar dele é alegre, cantando nos palcos.

O autointitulado — e reconhecido por muitos como tal — Rei do Brega era, em 1964, quando iniciou a carreira, um garoto que como muitos outros amava os Beatles e imitava Roberto Carlos. Ele seguia o estilo do Rei da Jovem Guarda nos shows que fazia nos bares e clubes de sua Recife natal, ao lado do conjunto Silver Jets. Nessa linha, gravou seu primeiro disco, “O pão”, em 1966. Na década de 1970, como muitos de seus colegas, foi direcionando o repertório para canções mais românticas, se estabelecendo como um dos nomes mais populares do brega no Norte e Nordeste do Brasil.

No eixo Rio-São Paulo, Rossi se manteve um nome pouco conhecido até o estouro, nos anos 1990, de sua “Garçom”, dentro de um movimento de revalorização do brega. Chegou a ganhar um CD-tributo em 1999, “REIginaldo Rossi” que tinha desde as bandas do mangue beat — que representavam a vanguarda do pop no país na época — como mundo livre s/a e outras da mesma geração como Planet Hemp até nomes já consagrados como Zé Ramalho e Erasmo Carlos. Foi nessa época que ele se popularizou nacionalmente como Rei do Brega. O álbum vendeu um milhão de cópias.

— Quem é o rei do brega no Brasil? Eu, claro. Eu canto para garotos do high society e para os pobres — resumiu Rossi em entrevista na época do lançamento de “REIginaldo Rossi”.

Rossi acreditava que o segredo de seu sucesso — e do brega, de uma forma geral — era a simplicidade. Ele defendia que o canto sincopado, com quebras de ritmo, afastava o ouvinte, assim como letras muito complexas:

— O brega é a linguagem do povo. Não tem essa de “data vênia”, “metamorfose do meu ego”, “infra-estrutura do meu ser” e coisa e tal — disse em 1998.

Seus discos tinham periodicidade irregular, sobretudo a partir dos anos 1990. Em 1998, reuniu os sucessos da carreira no CD “Reginaldo Rossi ao vivo” — músicas como “A raposa e as uvas”, “Dia do corno” e “Mon amour, meu bem, ma femme”. Faria outros registros ao vivo, como o DVD lançado em 2006, novamente com seus hits. Recebeu, ao longo da carreira, 14 discos de ouro, dois de platina, um de platina duplo e um de diamante.

Em 2010, lançou seu último trabalho, “Cabaret do Rossi”, nos quais imprimiu seu estilo sobre clássicos românticos de outros intérpretes, como Elymar Santos (“Taras & manias”), Marisa Monte (”Amor I love you”) e Vinicius Cantuária (”Só você”). Suas últimas apresentações foram realizadas nos dias 21 e 22 de novembro no Manhattan Café Teatro, em Recife.

Reginaldo Rossi deixa mulher e um filho.




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