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segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Com Luis Ricardo, São Paulo ganha o típico lateral brasileiro


Lateral tem que saber atacar, cruzar bem e chegar com força ao ataque



 É o que se diz e ensina por aqui. Lateral tem que saber defender, compor a linha de quatro atrás, ajudar na saída de bola e, eventualmente, atacar. É o que se diz e ensina na Europa. São modelos diferentes, não há certo e errado.

Errado é contar com lateral brasileiro para defender. Ou com lateral europeu para atacar. Pode acontecer? Pode. Mas aí estaremos falando dos melhores dos últimos tempos, como Roberto Carlos ou Lahm. Estamos falando de exceções, não da regra. Quando brasileiro fala que Arbeloa é “grosso'', não entende bem que Arbeloa não está lá para ser Cafu. Quando europeu fala que Marcelo “não sabe marcar'', não entende bem que esse rapaz cresceu com outros conceitos e precisa aprender a fazê-lo.

O São Paulo anunciou hoje a contratação de Luis Ricardo, que passou as últimas três temporadas na Portuguesa. Certamente o que chamou a atenção dos cartolas foram as chegadas fortes ao ataque, alguns belos gols, como este aqui (a partir de 2min), na A2 do Paulista. Então, o São Paulo precisa estar consciente que é isso o que ele está contratando.

As pessoas costumam falar que aqui é o país do futebol, que é paixão nacional, etc, etc, etc, etc, mas pouca gente vê futebol se não for jogo do próprio time. Alguns jogos da Portuguesa foram transmitidos nacionalmente neste Brasileiro, entre eles os duelos contra Cruzeiro e Bahia, que passaram no Sportv ao vivo. Quem viu (quem viu??) sabe do que estou falando. Luis Ricardo foi decisivo negativamente, com falhas em gols do Cruzeiro e no gol que decretou a vitória do Bahia.

Ele chegou à Portuguesa como atacante. Foi Jorginho, mestre da Barcelusa-2011, que, na ausência de um lateral, usou Luis Ricardo por ali. Deu certo. Era um time hiperofensivo, que teve o melhor ataque da história das Séries B em pontos corridos (segunda melhor campanha, atrás apenas do Corinthians-2008). Como deu certo, os treinadores que vieram depois mantiveram a fórmula.

Foi um jogador fundamental para a Portuguesa no ataque, mas que cometeu falhas defensivas. Como pouca gente dá bola para a Lusa, esses erros passam. No São Paulo, pode arruinar uma carreira (lembram do Augusto, ex-Lusa, no Corinthians?). Para o São Paulo ter o ótimo Luis Ricardo que viu pela TV, terá de se preocupar em cobrir as costas dele direitinho ali na direita. Se o fizer, tudo certo, ganhou uma arma importante pela direita. Bastante melhor que Douglas neste aspecto, sem dúvida.

Quando Guto Ferreira tentou usar Luis Ricardo no ataque, a posição de origem, não deu muito certo. A arma principal mesmo é vir de trás, fazer dois contra um em cima do lateral adversário.

Ao longo das três temporadas inteiras que jogou na Portuguesa, Luis Ricardo mostrou-se um atleta humilde e bastante dedicado. Perdeu poucos jogos por lesão e toma poucos cartões. Não é violento, não é briguento, não perde a cabeça. Às vezes, dá umas “viajadas'' dentro de campo. Para ele, agora com uma camisa mais pesada e mais holofotes, manter o foco, 100% de concentração em todos os jogos, será a chave do sucesso.

Ganhou uma justa homenagem do torcedor da Portuguesa na despedida, domingo, no Canindé. Deixou sua marquinha na história de um clube que já teve Djalma Santos, Zé Maria 1 e Zé Maria 2 na mesma posição. Dá, agora, um salto merecido. É uma ótima para ele. E pode ser também para o São Paulo.

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