Os dirigentes voltaram a
atenção, então, para terrenos da Light, a companhia energética, às
margens do Rio Pinheiros, mas a aquisição também não se mostrou
possível, pois, ao todo, a área só possuía
45.000m².
Enquanto isso, a condessa
Mariangela Matarazzo e outros proprietários se desfaziam de um
grande lote de terras na região do Morumbi. A Imobiliária
Aricanduva adquire a área em 7 de fevereiro de 1951 e, de pronto,
planeja seu loteamento comercial.
Em meados de 1951, o São Paulo
FC consegue aval para um empréstimo de Cr$ 5.000.000,00 junto à
Caixa Econômica Estadual para auxiliar na construção de seu sonho.
O empréstimo, aliás, somente foi possível após grande reivindicação
da diretoria, pois Corinthians e Palmeiras já haviam requisitado e
obtido antes.
Após a ativação da Comissão
Pró-Estádio (criada em 15.05.1952), o São Paulo consegue junto a
Imobiliária Aricanduva um terreno de 99.873m², em 4 de agosto de
1952. A Imobiliária buscava divulgar seu loteamento para o público.
E era mesmo necessário, afinal era em local desconhecido, distante
e carente de todas as melhorias da cidade. Melhor atrativo e garoto
propaganda que o SPFC não havia.
Para agilizar todo o processo,
facilitar a obtenção de investimentos e cumprir o acordo com a
Aricanduva, imediatamente o Tricolor lançou a pedra fundamental do
estádio, mesmo ainda sem projeto de construção definido, e o
Monsenhor Francisco Bastos abençoou o
terreno.
O passo seguinte foi
estabelecer o primeiro plano de arrecadação de recursos. A Comissão
Pró-Estádio definiu a venda de 3.000 futuras cadeiras cativas, com
título válido por 20 anos. Contudo, a descrença da população
mediante ao fato de se
"construir um estádio
no meio do mato",
aliado à contra-campanha de torcedores rivais e setores da
imprensa, forçou o Tricolor a vender 12 mil cadeiras, e torná-las
patrimônio definitivo.
Assim, foi aberta a
concorrência para os projetos de construção do estádio. Três
escritórios de arquitetura apresentaram modelos: A empresa
soviética Antonov & Zolnerkevic, a firma de Gilberto Junqueira
Caldas e o escritório de Vilanova Artigas, Gastão Rachou Jr, José
Carlos Pinto, Carlos Cascaldi e David
Ottoni.
O projeto russo era o mais
chamativo. Complexo e futurista, com cobertura retrátil e de vidro,
mais parecia uma nave espacial. Entretanto a vencedora foi a
concepção de Vilanova Artigas. Seu principal ponto forte era a
capacidade de público: 120 mil pessoas, originalmente. Artigas era
adepto do brutalismo, vanguarda artística que valorizava o concreto
exposto - outro fator preponderante na escolha: menor custo de
manutenção.
Em 10 de março de 1953 o São
Paulo FC apresentava ao público a maquete de sua futura praça
esportiva. O projeto original contava com estádio de futebol,
ginásio poliesportivo ao estilo "Morumbizinho" com capacidade para
20 mil pessoas, praça de atletismo e parque aquático com três
piscinas (uma olímpica), ambos com arquibancadas para 5 mil
pessoas, além de diversas quadras poliesportivas e sede
social.
Preparativos finalizados, era
chegada a hora de arregaçar as mangas e começar a erguer o colosso
de concreto, o maior estádio particular do
mundo.