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Tudo em nome do sonho
História da São Silvestre é feita de personagens como o garçom
Evandro, que não mede esforços para participar da tradicional corrida
Para alcançar seus sonhos, o garçom Evandro Gomes, de 52 anos, precisou
de muito mais do que equilibrar copos na bandeja. Foram noites em claro,
treinos em estrada de terra, vaquinha dos amigos para viajar e muita
disposição para se tornar um maratonista. Terça-feira, Evandro será um
dos 27,5 mil atletas a disputar a 89ª edição da corrida de São
Silvestre, a mais tradicional prova de rua do país, com largada às 9h
(elite masculina), em frente ao Museu de Arte de São Paulo, na capital
paulista.
Esta será a terceira vez que Evandro vai correr a São
Silvestre. Como seu melhor tempo foi 53min – o campeão do ano passado, o
queniano Edwin Kipsang, correu em 44min04 –, dificilmente estará entre
os primeiros colocados. Mas o que o torna um vencedor é sua história de
superação semelhante à de tantos outros atletas que se aventuram pelas
ruas e pistas do país. Garçom há três décadas, ele só começou a correr
há 10 anos para se prevenir de problemas de saúde. Tomou gosto pelas
provas e já coleciona participação em quatro maratonas – 42.195m –, além
de provas menores em todo o país.
A rotina é desgastante. Como o
salário de garçom terceirizado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais
não é o suficiente para sustentar a família, Evandro precisa se
desdobrar em jornada dupla para pagar as despesas com o esporte, que
chega a custar até R$ 1,5 mil em alguns meses. “Já teve prova que deu
disputei sem dormir. Saí do trabalho, troquei roupa no ônibus e já desci
pronto para largar”, lembra o corredor, que vai viajar a São Paulo,
hoje à noite, graças à ajuda de amigos e apoiadores.
“Disputar a
São Silvestre fica caro, uns R$ 1,2 mil, contando inscrição, hospedagem e
alimentação. Eu consegui R$ 800. O que falta vou ter que trabalhar para
conseguir”, conta o garçom, que arrumou outro jeito de arrecadar um
dinheiro extra: entregar panfleto e imã de geladeira no caminho de volta
para casa. Os treinos são na estrada de terra, para ganhar mais
resistência. “Corro em estrada, entre Esmeraldas e Ribeirão das Neves,
que é onde eu moro. Às vezes, vou tão cedo correr que quando volto o sol
ainda nem saiu.”
CONFIANÇA
Evandro embarca hoje
para São Paulo junto com mais 60 atletas, em dois ônibus organizados
pela Casa do Corredor. A programação da São Silvestre começou ontem com a
São Silvestrinha, prova infantojuvenil realizada no Ibirapuera. A 89ª
edição da prova será terça-feira, com largada às 8h40 (feminino) e às 9h
(masculino). Entre os atletas de elite, a chance de pódio “mineiro” é
da equipe de atletismo do Cruzeiro, que será representada por seis
atletas, entre eles o veterano Giomar Pereira, hexacampeão do circuito
Caixa.
O Brasil não vence a elite masculina desde 2010, quando
ficou em primeiro com Marílson Gomes dos Santos. No feminino, o jejum é
maior: desde 2006, quando a mineira Lucélia Peres, de Paracatu,
sagrou-se campeã.
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