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Segundo a Fifa, clubes escondem 4,8 bilhões de reais em contratos de atletas
Informações da Fifa apontam que 40% das transferências jamais são declaradas
Desvio de dinheiro na contratação de Neymar pelo Barcelona vem sendo investigada na Espanha
Um
movimento de cerca de US$ 2 bilhões (R$ 4,8 bilhões) por ano jamais
aparece nas contas oficiais do clubes, nos contratos dos jogadores nem
são revelados aos fiscos do países. Informações coletadas pela Fifa e
obtidas com exclusividade pela reportagem apontam que 40% de todo o
movimento de dinheiro nas transferências de jogadores de futebol jamais
são declaradas, transformando o mercado mundial de craques em um dos
maiores canais de fluxo ilegal de dinheiro no mundo.
O escândalo
dos contratos de Neymar no Barcelona, portanto, é apenas a ponta de
iceberg. Fontes revelaram que outros contratos envolvendo brasileiro no
clube catalão também tinham cláusulas sigilosas, mesmo com outros
presidentes do time.
Apenas em 2011, a Fifa registrou mais de 5
mil vendas e compras de jogadores, com uma movimentação de US$ 2,3
bilhões. Mas isso, segundo a entidade, seria apenas parte da história e
quatro de cada 10 dólares negociados nunca aparecem nas contas oficiais.
A
entidade vem se lançando em um esforço para registrar eletronicamente
todos os contratos de venda de jogadores, exigindo que clubes e agentes
revelem o valor real da transação, para onde foi enviado o dinheiro e
quem o recebeu.
Mas, neste esforço, a Fifa está descobrindo que
os atores que comandam um dos negócios mais lucrativos do mundo são
múltiplos e difusos. A tentativa da Fifa é a de forçar clubes e agentes a
“colocar sobre a mesa” o real valor das transferências, o que
facilitaria o combate à lavagem de dinheiro e evasão fiscal. Mas os
técnicos da entidade admitem que o desafio tem sido grande.
A
Fifa não é a única a identificar que o submundo do futebol movimenta
bilhões de dólares. Segundo estudo da Comissão Europeia, em apenas 15
anos as comissões geradas pela venda de jogadores aumentaram em 744%. Em
2011, em plena crise mundial, clubes gastaram 3 bilhões de euros na
compra de craques, mais de cem vezes o que o basquete mundial destina às
transferências. Em 15 anos, a expansão foi de quase 10 vezes.
Em
2002, o brasileiro Ronaldo batia o recorde e passava a ser o jogador
mais caro do mundo, vendido por 42 milhões de euros ao Real Madrid.
Menos de 10 anos depois, Kaká e Cristiano Ronaldo seriam vendidos cada
um deles por mais de duas vezes o preço de Ronaldo.
A Comissão
Europeia vai estudar a abolição de fundos que atuariam como
intermediários no futebol e alerta que o sistema está permitindo com que
uma transferência de um jogador não ocorra com base em motivos
esportivos, mas simplesmente para gerar lucros, já que o fundo apenas
ganha quando uma venda é realizada. “Isso, em outro segmento da
economia, seria chamado de especulação”, apontou a Comissão.
LAVAGEM DE DINHEIRO
Um recente levantamento feito por técnicos da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) confirmou que o futebol se
tornou nos últimos anos em um dos palcos preferidos para a corrupção,
lavagem de dinheiro e evasão fiscal. “Os clubes de futebol são vistos
por criminosos como veículos perfeitos para a lavagem de dinheiro”,
alertaram os investigadores. “A lavagem de dinheiro no futebol se revela
como sendo mais profunda e mais complexa que se pensava antes”, avisou o
Grupo de Ação Financeira da OCDE.
Com sede em Paris, o grupo
enviou questionários a governos e associações de 25 países, entre eles o
Brasil. “Há mais que evidências pontuais indicando que há um risco real
de lavagem de dinheiro pelo futebol”, afirmaram os investigadores.
Segundo o grupo, mais de 20 casos de lavagem de dinheiro foram
detectados apenas nesses países em um ano.
A facilidade no uso do
futebol para aplicar crimes financeiros seria resultado de quatro
fatores: a falta de profissionalismo em muitos clubes, o acesso de
qualquer agente à administração do futebol, estruturas complexas de
comando de clubes e uma total internacionalização do esporte.
O
mecanismo mais comum é o de usar o futebol para integrar no sistema
financeiro dinheiro de origem duvidosa e mesmo de corrupção.
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