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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Palmeirenses e são-paulinos se esquivam sobre chance de greve


Jogadores e treinadores de Palmeiras e São Paulo deram uma trégua na rivalidade e se uniram para lamentar a situação do Corinthians, que teve invasão de torcedores ao seu centro de treinamentos, com relatos de agressões e roubos. Depois do clássico de domingo, no Pacaembu, alviverdes e tricolores demonstraram preocupação com o assunto, mas se esquivaram da possibilidade de uma greve.

Um dos líderes do Bom Senso FC, o goleiro Rogério Ceni entende que o assunto não cabe necessariamente ao grupo, mas sim à diretoria do próprio Corinthians e à Federação Paulista de Futebol, além das autoridades.

“Não se pode imputar ao Bom Senso tudo o que acontece”, advertiu o goleiro. “Eu, como cidadão, lamento o acontecido. O futebol é reflexo da sociedade, que tem impunidade. Não podemos nos referir à torcida de um clube com base em cem pessoas. Se tem imagens, cabe à Justiça, com a própria Federação e o clube ajudando a resolver o assunto”, acrescentou.

O capitão são-paulino ainda afirmou que, se a partida do Corinthians contra a Ponte Preta, no domingo, tivesse sido adiada, seria “compreensível”. Outro integrante do Bom Senso, o palmeirense Fernando Prass também deu sua opinião sobre o assunto, demonstrando pouca confiança em uma greve geral dos atletas no Paulistão, que foi especulada em apoio ao rival.

“Não sei se isso iria adiantar. De repente, eu não jogaria, causaria uma confusão e as pessoas continuariam com a mesma postura. Isso tem que ser cobrado de quem tem a responsabilidade de tomar ações, principalmente do Corinthians. Hoje aconteceu com o Corinthians, amanhã pode ser com outro. Até conversei com o presidente Paulo Nobre e ele se disse solidário ao Corinthians, assim como nós, jogadores”, comentou.

Já o zagueiro Lúcio não acredita na possibilidade de o campeonato ser paralisado por uma rodada. “Não posso opinar sobre isso, mas foi um fato isolado, não é para tanto. Tem outras questões de jogo também. Não é uma responsabilidade somente das outras equipes, o sindicato também tem que intervir de alguma forma. Mas isso é mais segurança pública do que qualquer outra coisa”.

O técnico Muricy Ramalho foi ainda mais enfático do que o pentacampeão ao se referir à segurança no País. Ao ser questionado sobre a invasão no CT Joaquim Grava, o treinador do São Paulo desabafou contra a atual situação do Brasil.

“Está difícil, as pessoas não têm mais respeito por nada, e não é só no futebol. É nossa vida. São Paulo está um terror, tenho três filhos e estou preocupado. Não saio mais de casa. Este é o retrato do País, que tem duas coisas gravíssimas: impunidade e corrupção. Parece um País sem lei, não respeitam mais autoridade e percebemos que não há um movimento para mudar isso. A violência passou a fazer parte da sociedade e está tudo certo lá em cima para os caras”, lamentou.

A invasão de cerca de cem torcedores ao CT Joaquim Grava aconteceu na manhã de sábado, quando jogadores e funcionários tiveram de se esconder, até a chegada da Polícia Militar. A diretoria alvinegra registrou boletim de ocorrência.

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